Pesquisa Industrial Mensal
Indústria sobe 0,8% em agosto, interrompendo quatro meses seguidos sem crescimento
03/10/2025 09h00 | Atualizado em 03/10/2025 09h00

O setor industrial cresceu 0,8% em agosto, na comparação com julho, interrompendo o comportamento predominantemente negativo presente desde abril, período em que acumulou perda de 1,2%. Com esse resultado, a produção industrial se encontra 2,9% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020), mas ainda está 14,4% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011. Na comparação com agosto de 2024, a produção industrial caiu 0,7%.
No acumulado do ano, frente a igual período do ano anterior, o setor industrial avançou 0,9%, e, em 12 meses, 1,6%. A média móvel trimestral subiu 0,3% no trimestre encerrado em agosto, frente ao nível do mês anterior, após registrar quedas em julho (-0,2%) e junho (-0,4%), quando interrompeu a trajetória ascendente iniciada em fevereiro de 2025.Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada hoje (3) pelo IBGE.
De acordo com o gerente da pesquisa, André Macedo, “para o resultado desse mês, a base de comparação depreciada é um fator importante para entendermos não só a expansão de 0,8%, o maior avanço desde março de 2025 (1,7%), mas também o perfil disseminado de taxas positivas, uma vez que três das quatro grandes categorias econômicas e 16 das 25 atividades industriais pesquisadas apontaram avanço na produção.”
Vale a pena destacar que esse é o maior espalhamento desde março de 2025, quando 17 ramos industriais mostraram crescimento. Contudo, mesmo considerando essa expansão, o total da indústria ainda mostra saldo negativo de 0,4% nos últimos 5 meses.
Houve expansão na produção em 16 das 25 atividades industriais, na passagem de julho para agosto de 2025. Entre as atividades, as influências positivas mais importantes foram assinaladas por produtos farmoquímicos e farmacêuticos (13,4%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,8%) e produtos alimentícios (1,3%), com a primeira acumulando expansão de 28,6% em quatro meses consecutivos de crescimento; e as duas últimas marcando dois meses seguidos de avanço na produção, período em que acumularam ganhos de 2,7% e 2,4%, respectivamente.
Entre as nove atividades que apontaram queda na produção, produtos químicos (-1,6%) exerceu o principal impacto na média da indústria e interrompeu três meses consecutivos de crescimento na produção, período em que acumulou expansão de 2,4%. Outras influências negativas relevantes sobre o total da indústria vieram de máquinas e equipamentos (-2,2%), de produtos de madeira (-8,6%), de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-3,6%) e de indústrias extrativas (-0,3%).
Ainda na passagem de julho para agosto, bens intermediários (1,0%), bens de consumo semi e não duráveis (0,9%) e bens de consumo duráveis (0,6%) assinalaram as taxas positivas em agosto de 2025, com a primeira marcando o sétimo resultado positivo consecutivo e acumulando nesse período ganho de 3,8%; a segunda registrando avanço de 1,1% em dois meses seguidos de crescimento na produção; e a última intensificando o ritmo de expansão frente aos resultados de julho (0,3%) e junho (0,2%) de 2025. Por outro lado, o segmento de bens de capital, ao recuar 1,4%, mostrou a única taxa negativa em agosto de 2025 e intensificou a perda verificada no mês anterior (-0,2%).
Produção industrial cai 0,7% na comparação com agosto de 2024
Na comparação com igual mês do ano anterior, o setor industrial assinalou redução de 0,7% em agosto de 2025, com resultados negativos em 3 das 4 grandes categorias econômicas, 15 dos 25 ramos, 53 dos 80 grupos e 56,8% dos 789 produtos pesquisados. Vale citar que agosto de 2025 (21 dias) teve 1 dia útil a menos que igual mês do ano anterior (22).
Entre as atividades, a principal influência negativa no total da indústria foi registrada por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-4,0%), pressionada, em grande medida, pela menor produção do item álcool etílico.
“Esta atividade, que exerce o principal impacto negativo tanto na comparação interanual quanto no indicador acumulado do ano, foi pressionada, sobretudo, pela menor produção de álcool etílico. O recuo observado nesse item pode estar associado à estratégia de alocação do processamento da cana-de-açúcar, que nesse período foi direcionado em maior proporção para a produção de açúcar, em detrimento da produção de álcool. Esse movimento reflete, em parte, as condições do mercado, o que estimulou as usinas a privilegiarem esse produto. Além disso, dentro desta atividade, também exerceram influências negativas importantes os desempenhos de outros derivados, como asfalto e gás liquefeito de petróleo, que registraram retrações e contribuíram adicionalmente para a queda do indicador”, explica o gerente da pesquisa.
Outros impactos negativos importantes foram assinalados pelos ramos de produtos de metal (-7,9%), de produtos de madeira (-18,4%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-8,8%), de produtos químicos (-2,3%), de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-9,6%), de veículos automotores, reboques e carrocerias (-2,2%), de bebidas (-4,9%) e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-5,9%).
Por outro lado, ainda na comparação com agosto de 2024, entre as dez atividades que apontaram expansão na produção, a de indústrias extrativas (4,8%) exerceu a maior influência na formação da média da indústria, impulsionada, principalmente, pela maior produção do item óleos brutos de petróleo.
“Esse segmento registra a influência positiva mais relevante, tanto na comparação interanual quanto no indicador acumulado para o período de janeiro a agosto de 2025, resultado impulsionado, em grande medida, pela expansão da extração de petróleo.”
Vale destacar também as contribuições positivas registradas pelos setores de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (8,2%), de celulose, papel e produtos de papel (5,2%), de produtos do fumo (30,9%), de produtos têxteis (7,2%), de produtos alimentícios (0,6%) e de impressão e reprodução de gravações (15,6%).
Mais sobre a pesquisa
A PIM Brasil produz indicadores de curto prazo desde a década de 1970 relativos ao comportamento do produto real das indústrias extrativa e de transformação. A partir de março de 2023, teve início a divulgação da nova série de índices mensais da produção industrial, após reformulação para atualizar a amostra de atividades, produtos e informantes; elaborar uma nova estrutura de ponderação dos índices com base em estatísticas industriais mais recentes; atualização do ano base de referência da pesquisa; e a incorporação de novas unidades da federação na divulgação dos resultados regionais da pesquisa. Essas alterações metodológicas são necessárias e buscam incorporar as mudanças econômicas da sociedade.
Os resultados podem ser consultados no Sidra. A próxima divulgação da PIM Brasil, referente a setembro de 2025, será em 4 de novembro.